Paisagens em foco: ciência, sociedade e interdisciplinaridade

Sobre o NIPPEN

O grupo de pesquisa NIPPEN é fruto da maturidade do seu antecessor NIPP – Núcleo Interdisciplinar de Pesquisas de Paisagens, nascido no Departamento de Geografia da PUC-Rio e migrante para seu co-irmão na UFF, onde se reterritorializa desde 2012. Crescido e amadurecido no ativismo acadêmico e na luta por justiça e reparação epistêmica, às vésperas do dia 25/07/2025, brota e germina como NIPPEN, assumindo sua matriz racializada.

O NIPPEN tem como categoria analítica central as Paisagens Racializadas, sejam nas suas formas urbanas, rurais ou silvestres. Tem como premissa que as paisagens são resultantes de interações e heranças humanas realizadas ao longo de diversos tempos históricos, desde o surgimento dos primeiros hominídeos à extensão de suas diásporas. As pesquisas realizadas no âmbito do grupo são constituídas a partir de um tripé básico: Ecologia, Geografia e Biogeografia, porém, sem restringir o diálogo com outros campos e disciplinas.

Na Ecologia as paisagens são analisadas considerando a tríade composição, estrutura e processos/funções que lhe conferem características e dinâmicas próprias, abrigando múltiplos níveis e dimensões da biodiversidade, em um dado espaço-tempo, possibilitando o suporte à vida humana e não-humana.

Da Geografia apoia-se na investigação e compreensão do suporte geobiofísico a partir do qual a vida, em sua totalidade, se realiza. As dimensões sociais/culturais, por sua vez, complementam e dão sentido e significado às paisagens formando um todo integrado, como destacado por Milton Santos: “… resultantes de “suscetíveis mudanças irregulares ao longo do tempo, caracterizada por um conjunto de formas heterogêneas, de idades diferentes, pedaços de tempos históricos representativos das diversas maneiras de produzir as coisas, de construir o espaço” (2012, p.74/75).

A Biogeografia é acionada na investigação das diásporas humanas e não-humanas, buscando compreender como as múltiplas interações produzem e distribuem a biodiversidade, desde seu nível mais elementar – genético -, às paisagens e biomas. Uma tessitura produtora de mundos que rege os compassos, ritmos e fluxos da vida.

Nossos objetivos

O NIPPEN visa refletir e compreender a transformação das paisagens se inserindo na produção de uma ciência politicamente situada e socialmente comprometida, “profundamente comprometida com a vida e profundamente comprometida com a vivência”, como nos ensina Conceição Evaristo.

Projetos

Os projetos realizados interseccionam Ensino, Pesquisa e Extensão no âmbito da Graduação e Pós-Graduação, envolvendo tanto a Educação Formal das salas de aula e de campo, quanto à Educação Informal dos quintais, terreiros, quilombos, favelas, ruas e periferias. Na interdisciplinaridade transitam estudantes e profissionais colaboradores nas áreas da Geografia, Ecologia, Sociologia, Antropologia, Arquitetura, Urbanismo, Paisagismo, dentre outros campos disciplinares e outros Saberes que se agregam ao debate das interações e produções socio/étnico-raciais das paisagens.

A prática científica que buscamos realizar considera os conhecimentos e saberes não restritos à divisão canônica das áreas disciplinares orientadas pela concepção eurocêntrica expandida (que inclui os EUA), o que permite agregar mestres e mestras forjadas nos territórios tradicionais e periferizados como parceiros, pesquisadores e colaboradores – outros/as cânones e outras matrizes do pensamento invisibilizados e negados pela ciência autoafirmada como tradicional.

As atividades desenvolvidas partem de princípios afrobrasileiros inspirados em Azoilda Trindade, Leda Martins, Beatriz Nascimento e Lélia Gonzalez, além de outras/os/es intelectuais negras/os/es, priorizando a abordagem contracolonial expressa em autores como Frantz Fanon, Antônio Bispo dos Santos, Airton Krenak e Davi Kopenawa, orientadas pelas epistemologias insurgentes negras e indígenas, sobretudo no campo das Geografias, Biogeografias e Ecologias Críticas e Negras. São atividades reflexivas e críticas que rechaçam a visão generalizadora e universalizante da ciência eurocentrada tradicional e se produz a partir das práticas e pedagogias transgressoras de bell hooks, dentre outras/es/os intelectuais negras, negres e negros.